
História da Ordem de Sacer
A Ordem de Sacer foi criada no distante ano de 1570, através da união das Confrarias de La Veracruz y Santa Ana, na Vila de Saceruela (Ciudad Real), por diligência do ilustre Frei D. Alonso Rodriguez de Camargo, Alcaide Mayor de Toledo e Presbítero da Ordem de Calatrava, o qual era natural de Saceruela.
Para isso, D. Alonso, reuniu Cavaleiros da Ordem de Calatrava e Religiosos assegurando a passagem segura de todos os viajantes através dos Caminhos de Guadalupe até ao Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe. Fundou também um Hospital para este fim.
O Real Mosteiro de Santa Maria de Guadalupe é um mosteiro situado em Guadalupe, na província de Cáceres, Espanha, e teve de enorme importância. Este monumental Mosteiro tem forte e íntima ligação com Portugal. A grande impulsionadora do culto a Nossa Senhora de Guadalupe foi a Sra. D. Maria Guadalupe de Lencastre, 6ª Duquesa de Aveiro, a qual se encontra sepultada neste Mosteiro. Aqui também estão sepultados os filhos do Rei D. Pedro I (de Portugal) e de D. Inês de Castro.
A Ordem de Sacer, como Ordem Hospitalária, foi criada com o principal objectivo de prestar assistência aos Peregrinos a Nossa Senhora de Guadalupe bem como a todos os necessitados. Os seus Cavaleiros e Religiosos prestavam e asseguravam protecção e ajuda aos viajantes.
A Ordem de Sacer, durante a guerra civil de Espanha e por assassinato do seu Grão-Mestre encontrou-se suspensa durante algum período. No ano de 1989 foi reactivada. A Ordem tem Estatutos Canónicos.
Actualmente o objectivo principal da Ordem de Sacer, além da promoção dos Caminhos de Guadalupe e do culto à Nossa Senhora de Guadalupe é dar apoio social aos necessitados, tentando suprir algumas necessidades fundamentais.
A Ordem de Sacer, durante a sua longa existência, tem realizado um trabalho notável ao longo dos séculos. A sua grande obra estende-se desde a Península Ibérica até à América do Sul.
O seu importante trabalho foi agradavelmente reconhecido em 2011, quando a Ordem do Sacer foi galardoada com o Prémio Hispanidad pela Real Asociación de Caballeros de Santa María de Guadalupe, juntamente com o Cardeal-Arcebispo Emérito de Sevilha Monsenhor Carlos Amigo Vallejo e o realizador, cineasta e argumentista Joaquín Araújo.
Em 2019, o actual Grão-Mestre da Lugar-Tenência de Portugal, é convidado a entrar na Ordem de Sacer. Imediatamente a seguir, foi-lhe pedido que a trouxesse para Portugal, Brasil e Hawai'i.
Depois de bastante reflexão e em reconhecimento do mérito da Ordem, com o seu elevado cariz hospitalário, aceitou passar a exercer as funções de Grão-Mestre da Lugar-Tenência de Portugal, Brasil e Hawai'i onde a começou a implementar.
A Ordem em Portugal, logo em plena pandemia do covid esteve no campo trazendo máscaras dos EUA, em parceria com The Hoapili Baker Foundation (a Fundação da Casa Real do Hawai'i) para entregar em várias instituições que delas muito necessitavam na Península Ibérica.
Foi realizado o seu primeiro Capítulo e, desde aí tem exercido as suas funções em vários sectores.
O primeiro grande passo, dado no dia 2 de Março de 2024, foi a instituição e realização da Gala de Sacer, uma gala com cariz solidário, a qual todos os anos irã apoiar uma I.P.S.S. devidamente reconhecida e acreditada.
A Ordem de Sacer
Os peregrinos a caminho do santuário estavam, em geral, privados de estradas seguras, pousadas, hospitais e outros serviços. Este facto tornava a viagem difícil para os peregrinos que tinham de atravessar terras totalmente despovoadas durante vários dias de caminhada, sem encontrarem abrigo no caminho e sendo, por isso, mais facilmente vítimas, por um lado, dos salteadores de estrada e, por outro, da falta de alimentação que, por improvisação ou ignorância, lhes podia acontecer. A verdade é que foram muitos os peregrinos que, tendo-se posto a caminho para chegar à igreja, morreram por estas causas no caminho.

Por estas razões, e devido ao contínuo aumento do número de peregrinos que utilizavam este caminho, foi criada a Ordem do Sacerdote, uma das primeiras instituições de peregrinos criadas fora do domínio hieronimita de Guadalupe e principal impulsionadora da manutenção de hospitais e infra-estruturas criadas em benefício dos peregrinos.
Uma das povoações que terá surgido como resultado deste movimento de peregrinos que se dirigiam a Guadalupe desde Ciudad Real, Toledo e Córdoba foi Fuenlabrada de los Montes. Também há documentação da existência da vila no século XIV, constituída por duas cartas enviadas por Pedro I de Castela, uma delas datada de 26 de Janeiro de 1353, exigindo o fim dos assaltos de bandidos aos peregrinos que utilizavam o caminho para ir a Guadalupe. l
Atualmente, a Ordem do Sacerdote continua a existir como entidade privada e desenvolve projectos educativos na República Dominicana e na Bolívia, com a construção de escolas nas comunidades mais desfavorecidas, bem como projectos de ajuda humanitária e culturais, como a recuperação da antiga rota de peregrinação a Guadalupe.
Caminhando em direção ao Oeste
O Caminho de Levante é uma rota de grande interesse cultural, paisagístico e ambiental, que começa na localidade de Saceruela, na província de Ciudad Real, uma localidade situada numa importante encruzilhada; para além dos seus vínculos tradicionais com o caminho de Guadalupe e os seus peregrinos, passa também pelas portas da Cañada Real Merina, uma das rotas transumantes mais importantes da Península Ibérica. O Caminho continua até Agudo, vila pertencente à Encomienda Mayor de la Orden de Calatrava desde o século XIII, e historicamente ligada aos eixos comerciais norte-sul e este-oeste.
A partir daqui, a rota avança em direção à Extremadura, entrando na região da Sibéria (assim chamada devido à paisagem semelhante à que o duque de Osuna viu quando passou por estas terras), até à localidade de Fuenlabrada de los Montes. Esta localidade já está inserida na Reserva Regional de Caça de Cíjara, uma imensa área arborizada e montanhosa com uma grande concentração de ungulados como o veado, o gamo e o corço, e que se destaca especialmente pela sua produção artesanal de mel. De Fuenlabrada seguimos para Herrera del Duque, centro nevrálgico da região da Sibéria e uma vila histórica como poucas, como o demonstra o seu imponente castelo octogonal que domina o território a partir da sua posição privilegiada. De seguida, dirigimo-nos a Castilblanco, povoação que pode ter estado originalmente ligada aos Templários, e cujo castelo, hoje desaparecido, terá servido de escudo para a defesa do vale de Guadalupejo. A partir desta última localidade, entraremos em terras de Cáceres pela comarca de Villuercas, nosso último destino, antes de chegar ao Mosteiro de Guadalupe.
Em suma, trata-se de uma rota em permanente contacto com a natureza, com tradições e costumes seculares, excelente gastronomia rural, artesanato local cuidadosamente selecionado e um legado histórico e artístico impregnado das culturas e povos que, no seu tempo, enriqueceram o desenvolvimento histórico destas vilas e aldeias. Os contrastes da paisagem serão uma das surpresas mais agradáveis que o peregrino que se aventurar por esta rota poderá desfrutar, com um terreno acidentado, montanhoso mas sem grandes alturas ao longo do caminho e com uma vegetação caracterizada por pastagens e prados. Atravessaremos espaços naturais tão importantes como a Reserva Regional de Caça de Cíjara, cujas imensas florestas albergam veados, gamos, corços, águias e abutres; as excelentes águas da barragem de García Sola, no rio Guadiana, ou o Corredor Ecológico e de Biodiversidade do rio Guadalupejo, que liga a ZPE (Zona de Proteção Especial para Aves) da Serra dos Golondrinos à da Serra das Villuercas e ao Vale de Guadarranque.
O Caminho - Uma origem incerta
A origem do caminho é difícil de determinar, por vezes devido ao carácter lendário dos relatos e por vezes devido à incerteza dos cronistas da época. No entanto, a história da descoberta da virgem foi rapidamente difundida e aceite pela sociedade no final da Idade Média. Ao contrário de outras rotas de peregrinação no século XIV, que entraram em declínio devido à Peste Negra, à divisão da Cristandade (os protestantes consideravam as peregrinações como actos populistas) e à dedicação quase exclusiva dos monarcas à conquista de novos mundos, o Caminho de Guadalupe surgiu com força no panorama peninsular, graças ao apoio incondicional da Casa de Áustria e à propagação como centro cultural e espiritual pela Ordem dos Hieronimitas.
Um dos principais apoiantes e promotores do nosso Caminho de Levante foi o rei castelhano Henrique IV. Não se sabe se utilizou exatamente o percurso atual entre Saceruela e Guadalupe, já que as estradas na Idade Média variavam continuamente em função de novos caminhos e cordas que facilitavam o caminho, embora possamos afirmar que saiu da vila de Saceruela em 1463, acompanhado pelo Mestre da Ordem de Calatrava Pedro Girón Acuña, para ir a Guadalupe. Sabemos também que, no seu caminho, concedeu a Saceruela a independência de Piedrabuena e novas terras próximas para cultivar.
Mas o verdadeiro protagonista da consolidação definitiva deste caminho surgiria um século mais tarde, no século XVI, com a figura de Don Alonso Rodríguez de Camargo, presbítero da Ordem de Calatrava, alcaide de Toledo em 1570 e figura ilustre de Saceruela. Da sua grande obra destaca-se a reunificação de várias irmandades, como a de Santa Ana e a de La Veracruz, já radicadas em Saceruela, na nova Ordem do Sacerdote, com o objetivo de manter os hospitais do caminho de Guadalupe e assistir os peregrinos e necessitados que frequentavam esta rota.
Ordem de Calatrava
No ano de 1150, Afonso VII de Leão doou à Ordem dos Templários os domínios da praça-forte de Calatrava, no rio Guadiana, para os defenderem das arremetidas dos mouros. Abandonado pouco depois, só no tempo de Sancho III de Castela o castelo voltou a ser ocupado pelo Abade Raimundo de Fitero [es] e mais alguns monges que seguiam a regra da Ordem de Cister. Por essa época, o número de cavaleiros da ordem aumentou rapidamente, e o papa reconheceu a Ordem Religiosa Militar de Calatrava em 1164.

Desta forma esta Ordem passou a ser a mais antiga Ordem religiosa militar de Espanha, foi fundada pelo monge cisterciense Raimundo de Fitero em 1158, com o objetivo de defender a povoação de Calatrava contra os Mouros. Dependendo diretamente da Santa Sé, que a reconheceu em 1164, o número de seus cavaleiros cresceu rapidamente.
Em 1166, alguns deles estabeleceram-se em Évora, ficando a ser conhecidos como os «freires de Évora». D. Sancho I confiou-lhes a guarda do Castelo de Alcanede e da vila de Alpedriz.
Tendo alguns frades da nova Ordem vindo a radicar-se em Évora, em Portugal, em 1211, D. Afonso II (r. 1211–1223) doou-lhes os domínios de Avis, e acredita-se que, já nessa época, a Ordem portuguesa de Avis tivesse um estatuto independente, embora continuasse subordinada à castelhana.
A sua independência relativamente à ordem castelhana data do tempo de D. João I.
A insíginia da ordem é uma Cruz floreada de vermelho, no hábito.